sábado, 1 de setembro de 2007

Vodkas com os Russos


Como o senso comum diz “a melhor vodka é a russa”. Isso parece uma frase sem efeito visto que o senso prático nos diz de forma muito mais eloqüente “pouquíssimas pessoas no Brasil experimentaram de fato uma vodka Russa”.

Existe aí um mercado potencial ainda não explorado.

Mas o principal motivo que levaram Grigory Lwow a trazer a vodka ao país foi uma bebedeira. Depois de tomar algumas doses de vodka durante uma viagem de visita a família na Rússia, Grigory que tem pontes de safena e sofre de diabetes temia por uma ressaca.

Porem isto não aconteceu, o dia seguinte foi bem tranqüilo devido à boa qualidade da vodka russa, mais exatamente, da Russkiy Razmer, vodka russa do grupo ZAO Veda. Grigory diz que ele é o melhor garoto propaganda da vodka e garante sua qualidade ao seu bem estar físico, posto que, freqüentemente bebe a Russkiy Razmer.

Foi então que decidiram representar o grupo ZAO Veda no Brasil através da contratação como funcionários os antigos sócios da Bozzi & Pagano, empresa de Luiz Pagano e Mauricio Bozzi especializada na introdução de novos produtos no mercado.

A Rússia junto ao Brasil, China e Índia formam o acrônimo BRIC, criado pelo grupo Goldman Sachs para designar os quatro principais países emergentes do mundo. Usando as últimas projeções demográficas e modelos de acumulação de capital e crescimento de produtividade, o grupo Goldman Sachs mapeou as economias dos países BRICs até 2050. Especula-se que esses países poderão se tornar a maior força na economia mundial.

Um negócio que junte dois paises com grandes perspectivas gera grandes expectativas, mas para que o negócio ande é preciso tomar algumas providencias básicas.

As primeiras foram tomadas pelo Sr. Lwow ainda na Rússia ao escolher a empresa que iría representar.

Sabe-se que o programa de privatização na Rússia que teve inicio em outubro de 1991, na época da glasnost, sofreu muito com a falta de transparência, a privatização de pequenas empresas começou em 1992 através da compra por funcionários e leilões públicos. No final de 1993 mais de 85% das pequenas empresas russas e mais de 82,000 empresas estatais russas, cerca de 1/3 do total existente já estavam privatizadas, terminando assim a primeira fase de privatizações.

As transações chamadas de loans-for-shares caracterizaram a segunda fase de privatizações onde bancos bancavam o governo com dinheiro a vista em troca de papeis de empresas que poderiam ser vendidos no futuro.

Apesar de atrasos constantes, e a evidente falta de aptidão do governo para realizar tal processo, as fases de privatização foram concluídas.

Alegações de favoritismo e corrupção nas transações empresariais e instituições financeiras nunca foram provadas, e em 1996 experts internacionais qualificaram o processo como um sucesso. Mas algumas empresas foram novamente chamadas pelo governo para ter seu controle restabelecido.

É o caso da Stolichnaya empresa estatal que fora privatizada em 1992 junto com outras 42 marcas. A SPI (Soyuz plodimport - СПИ Союзплодимпорт) empresa que adquiriu a marca teve total controle sobre a vodka em 1997 com a venda definitiva para a SPI spirits, que também assumiu uma divida de 40 milhões de dólares e investiu mais 20 milhões para registrar, promover e vender a vodka em mais de 120 paises.

O governo russo re-estatizou a marca em 2002 e forçou a SPI a usar unidades fabrís na Letônia, Chipre e outros países para continuar a vender enquanto uma ação judicial se arrasta.

Para evitar este tipo de problema, bem como evitar a negociação com antigos membros do politburo, da KGB que adquiriram outras marcas de vodka, o sr. Lwow foi para São Petersburgo, onde encontrou jovens empreendedores que inauguraram suas fabricas depois de 1996.

O Grupo Zao Veda foi inaugurado em 1996 e tem uma das marcas mais conceituadas no mercado; a Russkiy Razmer com mais de 40 milhões de caixas vendidas anualmente, a Veda que teve a receita concebida pela imperatriz Catarina a Grande e a Waltz Boston, edição comemorativa da musica de mesmo nome tão associada à cidade de São Petersburgo quanto a Garota de Ipanema é ao Rio de Janeiro.

Outro grande problema enfrentado foi o numero enorme de vodkas que tinham em suas garrafas rótulos escritos no alfabeto cirílico, completamente ilegível aos não iniciados em línguas eslavas*.

Os primeiros relatos sobre a vodka na Rússia são do período entre 950 e 1100 dC. quando o vinho de pão (хлебное вино) era consumido, hoje a Rússia é o maior consumidor de seu próprio produto, de acordo com a agencia Biznes Analitika (Бизнес аналитика) o consumo anual é de 2.4 bilhões de litros em 2006, com mais de mil marcas.

A União Eurpeia declarou a Rússia com o status de economia de mercado em março de 2002, o que caracterizou um marco na historia da Organização Mundial do Comercio, porem, falta muito para que possamos usufruir dos melhores produtos russos.

Portanto se as frases de efeito citadas no começo desta matéria “a melhor vodka é a russa”, “pouquíssimas pessoas no Brasil experimentaram de fato uma vodka Russa” ainda doem no ouvido, é porque a economia russa tem muito que aprender.

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